sexta-feira, julho 25, 2008

Um minuto

Foi numa fração de minuto.
De repente entro na loja como um furacão,
todos estão ocupados,
paro e percebo você tentando despachar o cliente que atendia.
Não sei se foi sandice da minha parte,
mas teria percebido em seu gesto um desejo incontido de me atender.
Ao dizer-lhe o motivo de minha ida à loja,
você imediatamente se pôs atrás do balcão.
Só então me vi admirando-a e percebendo mais claramente a beleza dos teus olhos,
tão verdes como duas jóias,
dois brilhantes a cintilar em seu rosto.
Mas que tolice a minha,
diante da beleza dos seus olhos,
passei a olhar as suas mãos e os seus dedos a contar o que eu desejava,
tentando inutilmente encontrar ali algum motivo para me distanciar de ti,
uma jóia, um anel, sei lá.
E assim perdido nas voltas dos seus dedos
e na minha timidez percebi então em seu corpo tão diminuto,
a respiração pesada, ofegante,
como se seu coração necessitasse de mais ar.
Que tolice a minha imaginar tudo isso em uma fração de minuto,
e não perceber que possivelmente seu coração batia descontroladamente
pela proximidade de ambos, eu e você,
pela primeira vez frente à frente,
desejosos desse momento,
mas que a timidez nos forçava a um silêncio mútuo.
Fui embora,
mas guardei na memória esse precioso minuto diante de ti,
lembrando-me também de quantas vezes
percebi olhares compridos para mim,
nos corredores do prédio em que nos conhecemos.
Desse modo, todas as vezes que entro na loja onde trabalha,
fico ansioso e desejoso de ser atendido por ti,
a moça dos belos olhos verdes,
que me encanta, me toca,
e faz renascer em mim,
o poeta que nunca fui.
Quisera eu ter o poder de ser o dono do tempo,
para fazer daquele minuto uma eternidade,
mas como não tenho tanto poder assim,
retrato aqui nessas linhas,
e eternizo esse pequeno tempo,
que para mim,
ficará guardado eternamente em meu coração.