quinta-feira, maio 18, 2006

Incêndio


INCÊNDIO

Paulo de Almeida Ourives

De repente as labaredas sobem, queimando e destruindo tudo. Ao mesmo tempo que olhava as chamas aumentarem, atiçadas pelo álcool, sentia o coração arder como se ele também estivesse queimando.
Mais algumas horas e tudo aquilo viraria cinzas.
Anos a fio, foram queimados sem dó nem piedade.
Quanta informação!
Parte da minha vida sumindo ante o calor e as chamas do fogo.
Agora compreendo o que as pessoas sentem quando têm os seus pertences destruídos tanto pelo incêndio como pelas chuvas e enchentes, além é claro de terremotos e furacões.
Mas o fogo arde, e aos poucos a grande montanha vai sumindo.
Quantos domingos, segundas e outros dias da semana, de anos passados, em páginas e mais páginas de jornais, que aos poucos vão sumindo, virando cinzas.
Quanta cultura jogada fora. Parte da vida e história do nosso país e do mundo. Descobertas científicas, escândalos políticos, vitórias, derrotas e conquistas esportivas, as variações e mutações econômicas tanto no Brasil e no mundo, enfim, a história de uma vida destruída.
Mas, nem tudo é destruição, e o fogo não levou o principal, pois antes de atiçar o fogo a enorme pilha de jornais, dei-me ao trabalho incansável de retirar páginas e mais páginas de reportagens e notícias tão importantes, que serão catalogadas e servirão de base para estudos e projetos futuros.
Servirão para analisar os fatos e os erros cometidos pelos homens no passado, e principalmente, evitar os pré-julgamentos equivocados e procurar encontrar o melhor caminho na resolução dos problemas que iremos encontrar.
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