segunda-feira, maio 22, 2006

A respeito do "Natal marcante"

Existem momentos na vida da gente, que nunca o esquecemos. Esse Natal, do qual não lembro o ano, mas que teria sido entre 72 e 77, tocou-me profundamente. O personagem em questão, Itamar, foi um andarilho, conhecido no Parque São Caetano, mas que não possuía o menor carinho, respeito e dignidade dos seus parentes, que viviam na mesma rua, e à poucos metros de um dos muitos terrenos baldios, por onde ele construiu sua casa.
Itamar, marcou-nos (a mim e a minha família) profundamente, pela simplicidade, amor, fé e subserviência naquilo que Deus havia lhe reservado.
Um homem que havia tido uma vida financeira estável, e através dos falsos-amigos, e das coisas "mundanas", como ele dizia, perdeu tudo, exceto a dignidade e a vontade de pregar a Bíblia, todos os dias, às 6 horas da manhã, e às 6 da tarde.
Trabalhador, honesto, simpático com todos os moradores, Itamar foi um "grande amigo", fiel companheiro, e estava sempre pronto para ajudar, como por exemplo, limpar as caixas de gordura, capinar um terreno, limpar o gramado, e não perdia a pose com seu velho e surrado terno preto.
Não tinha mais ambição, e trabalhava apenas para suprir as suas necessidades. Vendia o que produzia e trocava as mercadorias, apenas para satisfazer aquele momento.
Itamar foi um herói.
Um herói que viveu, lutou, e conseguiu provar que a vida de sacrifícios é muito mais honrada do que trabalhar armando planos para ser bem-sucedido, através de falcatruas.
Há algum tempo atrás, eu ainda tive o prazer de vê-lo por duas vezes, uma na Rodoviária Roberto Silveira, e a outra no bairro onde passei a maior parte da minha adolescência.
Creio que ele não reconheceu-me, mas isso não importa. O que importa, é que ele ainda está presente dentro de mim, e como disse um professor, "ele ainda é um imortal que vive dentro de cada um de nós (eu), enquanto estivermos sempre lembrando dele".
Por um lapso de memória, eu havia esquecido de colocar este texto, que também faz parte dos inúmeros textos que escrevi para o meu livro. Mas creio, e tenho certeza que vocês também acharão que ele ficou em um lugar de destaque, porque está bem acima de tantos outros textos que já escrevi...

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