quarta-feira, maio 17, 2006

Sou como um rio




Sou como um rio

Paulo de Almeida Ourives

Sou como um rio, que nasce, cresce,
agiganta-se e toma o seu rumo.
Um rio que nasce de uma pequena gotícula,
saída de uma montanha, que despenca de um precipício,
se levanta, e vai procurando um rumo.
Cresce, se avoluma, ganha corpo,
noutras se comprime,
diante do minúsculo espaço por onde passa,
mas segue sempre o seu rumo.
Sou como o rio, que encontra pedras
grandes e pequenas, precipícios,
atalhos e desvios,
mas não mudo o meu rumo,
não entro em desvios,
sigo sempre o meu caminho.
Às vezes sou calmo, tranqüilo,
e vejo com felicidade,
pessoas mergulhando em mim,
banhando-se com alegria,
descobrindo-me como forma de lazer.
Noutras vezes, sou bruto, rijo, enfureço-me,
e aí não há nada que impeça o meu caminho,
vou destruindo e arrasando tudo o que vejo,
invado casas, destruo tudo, ponho gente ao desabrigo,
carrego e jogo para bem longe, pessoas que nem conheço,
na minha fúria incessante.
E como após cada tempestade, vem a bonança,
vou me acalmando,
diminuindo a minha fúria, a minha raiva,
e voltando a minha calma, a minha mansidão,
para alegria de tanta gente.
Nada faz mudar o meu rumo,
mantenho-me sempre fiel ao curso planejado,
o rumo que me deram, onde outras gotas já passaram.
Passo por cidades, pessoas vêm e vão,
outras navegam por mim.
Passo por ilhas, ilhotas, pedaços de terra,
povoados, tribos, gente, animais,
não importa, por onde passe,
todos me respeitam e temem-me.
A única coisa que sei,
é que um dia finalmente,
irei me consagrar,
como um artilheiro que marca um gol,
correrei de braços abertos para a glória,
lançando-me para o mar,
encontrando-me com o Deus infinito.

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