terça-feira, maio 16, 2006

A primeira conquista brasileira em Copas do Mundo


A primeira conquista

Paulo de Almeida Ourives

Muitas pessoas às vezes me perguntam quando é que vou escrever sobre o futebol, como meu pai, que trabalhou durante muitos anos em Campos, nos principais jornais da cidade e era muito conhecido pelas diversas matérias e artigos que escrevia sobre o futebol campista. Um futebol tão rico quanto a história dos principais clubes brasileiros, recheada de tantas emoções, glórias, vitórias, conquistas e também de derrotas mágoas e tristezas.
Como prova de que há muito tempo já havia escrito sobre o futebol, transcrevo aqui neste livro, dois artigos que foram por mim escritos e publicados na última edição da revista Momento, que circulou no Espírito Santo, pouco antes do início da Copa do Mundo de 1998, quando a nossa seleção infelizmente foi derrotada na final pela seleção francesa.
Eis aqui o que havia escrito sobre a primeira conquista brasileira em gramados europeus, o que valeu diversos elogios do meu mentor, professor e pai, Paulo Ourives.
“Depois de algumas tentativas fracassadas nas três primeiras Copas, onde o Brasil mostrou um pouco do que sabia e não conseguiu ir adiante, além da frustração da perda do título em 1950 em pleno Maracanã para o Uruguai por 2x1, e a derrota na segunda fase para a fortíssima Hungria de Puskas e Czibor na Copa de 54, o Brasil se preparou como nunca para a Copa de 1958. Ali estava a nata dos maiores talentos do futebol brasileiro, jogadores como Gilmar, Nílton Santos, Djalma Santos, Zito, Didi, Garrincha, Vavá, Zagalo, Dida, Belini, Joel, Mazola, Pepe, Mauro, De Sordi, Orlando, Zózimo, e Oreco entre outros, e um menino de 17 anos que entraria definitivamente para a história do futebol mundial, seu nome? Pelé.
Os saudosistas que têm no jornalista Armando Nogueira, seu maior expoente, dizem que a conquista de 58 foi uma das melhores apresentações brasileiras em Copas do Mundo, já que a linha de frente que entrou para disputar os jogos contra a União Soviética, País de Gales, França e finalmente os donos da casa, a Suécia, eram nada mais, nada menos que Garrincha, Didi, Vavá, Pelé e Zagalo. Além disso, lá atrás estavam Gilmar, Djalma Santos, Belini, Orlando, Zito e Nilton Santos. Um verdadeiro escrete, uma equipe que jogava por música, jogava no melhor estilo brasileiro, com toques refinados sob a batuta de jogadores experientes como Didi, Zito, Nílton Santos, Djalma Santos, Vavá, Belini e Orlando. O que os nossos adversários não sabiam, ou não imaginavam era o que aquele homem de pernas tortas, Garrincha, e aquele menino escurinho, Pelé, seriam capazes de aprontar. Basta dizer que quando o técnico Vicente Feola aceitou a sugestão dos jogadores Didi, Nílton Santos e Zito de colocar em campo Garrincha e Pelé no ataque da seleção, ele iria desmontar por completo o esquema tático da União Soviética e dos outros adversários, com atuações divinas do nosso anjo de pernas tortas, que fez o que quis dos “joões” soviéticos, galeses, franceses e suecos.
Quanto ao menino de 17 anos, bem, ele iria encantar o mundo com as suas jogadas em alta velocidade e um dos gols mais bonitos já vistos em todas as Copas do Mundo, contra o País de Gales, além de três belíssimos gols contra a França e dois contra os suecos.
Os mais novos se perguntam por quê até hoje o Brasil que possui tantos talentos não se apresenta em Copas do Mundo como aquela equipe de 58, com aquele futebol mágico, que encanta as multidões e deixa os adversários cépticos de que existam neste mundo atletas que consigam fazer o inimaginável com a bola.
Entre os mitos e as lendas daquela seleção, houve jornais no mundo inteiro que chegaram a noticiar que aquela equipe era de extraterrestres, tal a ousadia e a firmeza com que jogavam, os passes precisos e milimétricos, o bailar de Garrincha e seus dribles desconcertantes, que já foram tema de diversas crônicas esportivas dos mais renomados jornalistas e romancistas brasileiros.
São 40 anos, desde a primeira conquista e, ela ainda será lembrada como o primeiro beijo, o primeiro emprego, o primeiro salário, a primeira cerveja, a primeira namorada, e tantas outras coisas que entram para sempre nas nossas lembranças como sendo sempre a primeira em cada um de nós”.

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