sexta-feira, maio 19, 2006

A inspiração



A inspiração

Paulo de Almeida Ourives

Tem pessoas que conseguem se inspirar de várias formas, eu pelo menos, consigo a minha inspiração para escrever caminhando. Isso mesmo, é caminhando pelas ruas da cidade que consigo pensar ou ver, alguma coisa que me desperte a atenção e eu passo então a ficar imaginando mil coisas a respeito daquilo que vi a poucos instantes.
Algumas dessas crônicas foram criadas desse modo, como “A treinadinha”, “A bomba”, “O horário eleitoral obrigatório”, e mais algumas. É bem verdade que no início deste livro as crônicas se referiram a fatos do cotidiano que vivi em Marataízes, Vila Velha, e Vitória, no Espírito Santo, mas vale lembrar que “A Greve de ônibus”, “A pedra”, e “A enseada”, todas elas tinham um fato comum, elas estavam em uma sequência, pois eu não poderia ter me inspirado na segunda e na terceira, se não tivesse enfrentado uma greve de ônibus, porque tanto a pedra, como a enseada são vistas de perto, quando fazemos a viagem de barca entre Vila Velha e Vitória.
Confesso que se não fosse por isso, e estivesse sempre andando de ônibus, eu jamais poderia vislumbrar e apreciar aquelas duas maravilhas da natureza, a pedra e a enseada. Pois não estaria em meu mais completo silêncio, e observando tudo o que se passava diante de mim, sem que estivesse pleno da minha sensibilidade, para pensar e imaginar estas três crônicas em uma seqüência tão rápida.
Já ouvi dizer que o cantor capixaba Roberto Carlos, sempre leva um gravador dentro de um dos bolsos e assim quando ele sente que está inspirado e alguma coisa lhe vem a cabeça ele liga o gravador e começa a gravar tudo o que lhe vem a mente.
Eu ao contrário, não possuo gravador, aliás utilizo a minha memória, como gravador, e os meus olhos como máquina fotográfica para reter em minha retina e posteriormente em minha memória aquela imagem que me chamou a atenção. E assim vou escrevendo muitas crônicas.
Enquanto estou escrevendo este livro, muitas vezes tenho de parar para pensar em meus trabalhos escolares, e no meu trabalho diário, com o jornal, e nas próximas matérias jornalísticas. Ou seja, é tanta coisa que passo alguns dias, sem escrever mais uma crônica, de tão cansado. Mas sei que somente com a prática e com muito esforço é que vou voltando a minha atenção para este livro e para as outras coisas que preciso escrever.
O cansaço é o pior inimigo da inspiração, pois ela abate o corpo de tal forma, que não há ânimo para nada. E assim cada um perde um tempo precioso para escrever um capítulo de uma novela, ou mais uma crônica ou artigo para um jornal, e eu mais uma crônica para o meu livro. Mas não desisto e sei que depois de mais uma caminhada voltarei com toda força a escrever mais uma crônica para este livro, ou quem sabe já me preparando para outros livros.

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