sexta-feira, maio 19, 2006

Tenho pena


Tenho pena

Paulo de Almeida Ourives

Quando era garoto acreditava que era o sujeito mais inteligente do mundo, e todos ao meu redor não passavam de bestas quadradas. Com o tempo, percebi que achar-me o mais inteligente era motivo para iniciar-me na solidão.
Ao chegar a idade adulta, percebi que não era o sujeito mais inteligente. Acima de mim havia muitos homens cujos cérebros eram mais privilegiados do que o meu, mas acima de todos nós, só há dois ou um, Jesus Cristo.
Com o passar do tempo, fui desejando ser apenas um cidadão comum, mas fiquei satisfeito quando pude ao menos enxergar um pouco além do meu nariz.
De jovem tímido, tornei-me um bom vendedor, isso sem falar na educação e no caráter que me foi lapidado aos poucos durante toda a minha infância. E assim, consegui conquistar a simpatia das pessoas, com a humildade e o ódio dos invejosos que não possuíam a capacidade de ser simples, honesto e educado.
A simplicidade e as aulas que a vida me deu, como vendedor, despertaram em mim a vontade de procurar o aperfeiçoamento. Mas a vida já havia me delegado sabedoria suficiente para alcançar vôos maiores. E com a modéstia, acabei conquistando mais e mais pessoas.
A minha tristeza, foi quando percebi no seio de algumas pessoas, a falsidade, sentimento que desconhecia, pois procurei ter sempre a firmeza da minha palavra, da minha fé e do meu caráter. Abri mão de muitas coisas, para esse tipo de gente. E não me arrependo do que fiz. Afinal, está escrito na Bíblia, “quando levares um tapa no rosto, dê a outra face”.
E assim, fui caminhando pela vida. Tropeçando, levantando, caindo, voltando a me levantar, escorregando pelas calçadas, encontrando muros, portas fechadas e dando cabeçadas em postes. Mas não desisto, sei que ainda não posso me dar por vencido. Porque muito além do horizonte, o meu caminho será de vitórias e glórias.
Por isso, tenho pena dos arrogantes, que se acham os donos da verdade. Que jamais a encontrarão e, tampouco irão conhecê-la. Porque ainda não acordaram, não perceberam que estão vivendo em um mundo irreal, de fantasia, vivem do materialismo, mas se esquecem que um dia, tudo isso irá acabar. Nada do que possui, será levado para o outro mundo. E quanto mais arrogante, menos impopular e mais longe estará de um mundo totalmente novo, que está para chegar.

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